Por Ingrid Schwyzer
Rio de Janeiro. Avenidas largas e ensolaradas, paraíso de muitos
turistas, um sonho tropical. Mas nem sempre a antiga capital do Brasil foi assim.
No final do século XIX e início do século XX, o Rio era
uma cidade de muitas epidemias. Para solucionar o problema, o governo impôs
inúmeras normas autoritárias. Entre elas, encontrava-se a obrigatoriedade
da vacinação contra a varíola. Iniciava-se, assim, a conhecida,
mas pouco compreendida, revolta da vacina. Que tal conhecer um pouco mais sobre
esse levante popular?
Manhã de 14 de novembro de 1904, véspera das comemorações
do décimo quinto aniversário da Proclamação da República.
Em vez de decoração e festejos, a cidade do Rio de Janeiro era
palco de barricadas,
lojas saqueadas e quebradas e tiros.
Por duas semanas, as ruas da capital viveram uma espécie de guerra
civil e revolta. Trabalhadores, militares e jornalistas aliaram-se
contra um inimigo comum. Mas que inimigo? O que levou pessoas de diversas classes
sociais a fazer um verdadeiro levante contra o governo? Aumento da passagem
de bonde, falta de empregos? Nem uma coisa, nem outra. O inimigo da população
carioca nessa guerra era uma simples vacina.
Pois é. Parece difícil acreditar, mas, dias antes, a população
do Rio iniciou um verdadeiro estrago na cidade por causa da publicação
de uma manchete no jornal A Notícia, que destacava a lei de obrigatoriedade
da vacinação contra a varíola.
|